‘Certa
ocasião ―
eu era ainda muito criança,
tinha apenas seis anos ― uma tia levou- me à
Basiléia e mostrou-me os animais empalhados do museu. Lá permanecemos muito
tempo, pois eu queria ver tudo, minuciosamente. Às quatro horas soou o sino
indicando que era hora de fechar. Minha tia apressou-me, mas eu não podia me
afastar das vitrinas. Nesse ínterim a sala fora fechada e tivemos que alcançar
a escada por outro cominho, através da galeria de arte antiga. De repente
defrontei-me com aquelas magníficas formas! Completamente subjugado arregalei
os olhos, pois nunca vira nada tão belo. Não me cansava de olhar. Minha tia
puxava-me pela mão, impelindo-me em direção à saída. Eu ficava sempre um pouco
atrás, enquanto ela gritava repetidamente: “Menino insuportável, feche os
olhos”. Só nesse momento observei que os corpos estavam nus, o sexo
oculto sob folhas de parreira! Antes não havia notado esse detalhe. Minha tia
protestava, indignada, como se tivesse sido obrigada a atravessar uma galeria
pornográfica.’
(Carl Gustav Jung; Memórias, sonhos, reflexões)
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